alienígena desenfreado

domingo, abril 11, 2004

A FUGA

Parou. Teve que parar. Exausto! Completa e absolutamente exausto! De gatas e ofegante, sabia do perigo que 5 minutos de paragem podiam significar, mas não se tratava de um risco que tinha optado tomar, e sim de uma necessidade. Sentira o inimigo. Não chegara a olhá-lo na cara, quando fugiu sem nunca olhar para trás, mas sentia que lhe mantinha curta distância. O suor colara-lhe à cara o cabelo e a poeira que levantara à sua passagem. A roupa, cada vez mais pesada e mais justa. Corria sem rumo há já quase trinta minutos, por um carreiro que aparentava ter sido criado naturalmente, ao longo dos anos, pelas viagens do gado. A acompanhá-lo, uma fileira de árvores parecia alongar-se em paralelo a todo o caminho.
Quando as pulsações acalmaram e conseguiu ouvir para além do seu bater, foi o som da água que escutou. Vinha lá de baixo, por de trás de todas aquelas árvores! Num impulso se levantou. Tomou ar num gemido esperançado e furou por entre o verde da sombra e os ramos baixos que lhe cortavam o peito. Não havia tempo a perder.
Encontrou um riacho que passava com água à altura do joelho. Já a chegar à outra margem, escorregou nas pedras alisadas pela corrente. Não mais se levantou, depois de olhar o reflexo da água.
Quem encontrou o corpo, diz que tinha nos olhos vidrados de um corpo inanimado, o pânico ainda vivo, de quem fora surpreendido com o diabo a seu caminho.

storyboard - a fuga
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